Formando Pessoas
Desenvolvimento das crianças por meio do futebol.
O esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, especialmente para as crianças, e no Ipê Clube, essa temática vem sendo cada vez mais fortalecida com o desenvolvimento da equipe de profissionais que atendem nas modalidades e o compromisso dos gestores que acreditam nessa dinâmica tão importante para o processo de aprendizado. Nesta edição da revista do Ipê, exploramos o papel fundamental dos professores na formação de jovens atletas, abordando aspectos cruciais como o desafio, o trabalho em equipe, a frustração, a competitividade e os treinamentos, sob a ótica dos educadores, assim como da própria instituição que apoia e incentiva práticas que fomentem esse conceito fundamental nessa fase da vida.
O Desafio como Motor de Crescimento
Introduzir o conceito de desafio para as crianças no contexto esportivo é uma arte. Erich Boari Zioni Beting, Diretor de Futebol Menores, destaca que o futebol oferece uma oportunidade para as crianças conviverem e aprenderem a trabalhar em grupo. “O desafio de respeitarem as diferenças, reconhecerem suas qualidades e aceitarem suas deficiências está inserido dentro desse contexto. E cada criança vai reagir de forma única”, explica.
Para o Professor Douglas Silva, de Futsal e Treino de Goleiro, a abordagem foca na mentalidade de campeão, que vai além de vencer o outro. “O maior desafio é superar a si mesmo... Queremos que eles entendam que o esporte é uma ferramenta para isso”, afirma. Ele enfatiza a autonomia como pilar, citando o exemplo do time sub-11 que se organiza para atividades antes do treino, desenvolvendo responsabilidade e protagonismo.
O Professor Marcondes, que dá aula de futebol para os menores até 10 anos, ressalta que o Ipê Clube nunca impôs a seus profissionais a obrigação de “ganhar a qualquer custo”. O foco está na participação ativa das crianças, trabalhando seus elementos físicos e psicológicos. “Hoje em dia as crianças são bem diferentes... nós professores estamos desenvolvendo um trabalho corporal, onde a gente atua com alongamento, aumentando a flexibilidade, a agilidade, a força, a velocidade. Esses são os elementos básicos da educação física”, detalha.
Trabalho em Equipe: A Semente da Cidadania
A dinâmica do trabalho em equipe no esporte éum celeiro para o desenvolvimento de habilidadessociais. Erich observa que um time em sintonia trabalhamelhor e de forma mais leve, enquanto umgrupo focado apenas no individual tende a ter piordesempenho. “Com o tempo, cada criança enxergae entende o seu papel dentro daquele grupo. Fazerparte do time não significa jogar e fazer o gol davitória, mas trabalhar em conjunto para atingir umobjetivo comum”, salienta. Ele reforça que a comunicação,o respeito e a empatia são ensinados emcasa, e o time de futebol é mais um ambiente paraaprimorar essas habilidades.
Felipe Bernardo, Gerente de Esportes do Ipê Clube, reitera o papel fundamental do clube e dos professores no desenvolvimento social das crianças por meio do futebol. A convivência em equipe favorece o aprendizado de valores como respeito às regras e ao próximo, cooperação, empatia e solidariedade, além da comunicação e resolução de conflitos. “Os professores atuam como modelos comportamentais, ajudando as crianças a compreenderem a importância do trabalho coletivo e do respeito mútuo”, explica.
O Professor Douglas adota um modelo de equipe onde cada um tem seu papel bem definido: atletas, treinadores e pais. “Quando os limites são respeitados, o ambiente se torna saudável e favorece o desenvolvimento de habilidades como empatia, respeito e comunicação. A ideia é que todos aprendam a se colocar no lugar do outro, sem que isso prejudique o desempenho coletivo”, destaca.
Lidar com a Frustração: Preparação para a Vida
A frustração é parte inerente do esporte e da vida, e o campo de jogo se torna um ambiente seguro para vivenciá-la. Erich enfatiza ainda que as crianças aprendem com o chute errado, o gol sofrido, uma derrota. “Aprendem a recomeçar, a mudar o caminho, a não desistir. E o resultado, com o tempo, chega! Isso faz com que as crianças que vivem esse tipo de experiência estejam mais preparadas para a vida. Afinal, temos mais frustrações do que realizações”, reflete.
Douglas também trabalha a prevenção antes do jogo, incentivando práticas como respiração e atenção plena para que os pequenos atletas aprendam a lidar com o nervosismo. “Essas técnicas ajudam a reconhecer e acolher as emoções, evitando que a frustração tome conta durante as partidas”, revela.
A frustração é uma realidade, especialmente quando se trata de times competitivos, analisa Marcondes. “Dentro da nossa formação, a gente trabalha a psicologia do esporte, mas trabalha também a psicologia da criança, fazendo-a entender que às vezes não dá certo”, pondera. Ele sugere que os pais precisam entender que nem sempre o filho será o titular ou o artilheiro, e que a experiência de jogar e aprender é mais valiosa do que a vitória a qualquer custo. O Ipê, inclusive, tem um trabalho para que os iniciantes participem de competições, garantindo a oportunidade de jogar para todos.
Equilíbrio entre Competição e Desenvolvimento Pessoal
Encontrar o equilíbrio entre o desejo de vencer e a importância do aprendizado e do desenvolvimento pessoal é um desafio constante. Erich observa que é um processo natural em esportes coletivos aprender que nem sempre se ganha, e que é possível dar o melhor e ainda assim o resultado não vir. “Competir sempre com lealdade com os colegas de time, com os professores, com os árbitros e com o clube são princípios que sempre procuramos transmitir. Competir é parte do jogo. Ganhar pode ser ou não o resultado do jogo”, sentencia.
Felipe ressalta que o Ipê Clube e os professores desempenham um papel fundamental no desenvolvimento emocional da criança, ensinando-a a lidar com frustrações, vitórias e derrotas. Eles criam um ambiente seguro para que a criança possa controlar impulsos e emoções, desenvolver autoestima e confiança, e trabalhar a resiliência e a persistência. No desenvolvimento esportivo, o foco está na coordenação motora, condicionamento físico, noções táticas e técnicas, disciplina e comprometimento.
O Ipê Clube busca criar uma situação em que todos possam ter a oportunidade de disputar competições, mesmo que isso signifique competir em categorias de iniciantes para garantir o estímulo e a diversão. A participação nas competições ajuda as crianças a se habituarem aos desafios e a saírem da zona de conforto. O aprendizado pelo esporte é aplicado na vida, e a criança aprende isso por meio de disciplina e persistência.
O reconhecimento desse trabalho se reflete nos resultados. O Professor Marcondes celebra a vitória de um time de iniciantes do Ipê Clube na Copa ACESC 2025, um torneio entre clubes amigos da Zona Sul. “A festa deles é uma coisa inesquecível. E os pais que estavam lá, todos aplaudiram as crianças. E as que perderam, os pais também aplaudiram. Esse é o espírito”, relata. Ele também se orgulha de ter contribuído para a formação de atletas de alto nível, como João Moreira, associado que foi criado nas categorias de base do Ipê, atuou no São Paulo FC e hoje joga futebol profissional na Europa.
A Preparação dos Profissionais e a Posição do Clube
Para atingir esses objetivos, a equipe técnica do Ipê Clube é orientada através de reuniões e conversas diárias para alinhamento contínuo, além de planejamento conjunto para estabelecer metas claras e adaptadas a cada faixa etária. Reuniões com os pais também são realizadas para reforçar os valores e a filosofia do clube e dos professores.