Tamboréu no Ipê

A modalidade faz parte da história do clube.

Ipê Clube foi fundado há 79 anos por um grupo de 10 jogadores de Pelota, remanescentes do EC Banespa, que queriam um novo lugar para praticar seu esporte favorito. À medida que o Ipê atraia mais associados por meio de familiares e amigos dos fundadores, outras atividades esportivas eram inseridas no portfólio do clube para atender a demanda em expansão e crescimento da instituição. As modalidades mais conhecidas como o tênis, futebol, voleibol, basquetebol, bocha e malha passaram a ser oferecidas na primeira década após a fundação, mas surgia a oportunidade de o Ipê ser um dos pioneiros na introdução de um esporte que chegou ao Brasil pelas mãos de imigrantes italianos na cidade de Santos, o Tamboréu.

Na verdade, no início a modalidade era chamada de tamborelo e jogado com uma raquete (sem cabo) parecida com um pandeiro, pelo formato redondo, coberto por um tecido. Com o tempo, esse equipamento passou a ser adaptado e o tecido foi substituído por uma tampa de madeira. Em 1956, o Ipê inaugurou a sua quadra oficial de tamboréu em São Paulo, sendo um dos clubes pioneiros do esporte. Outros clubes como o Corinthians, ABB, Penha, Aramaçã e Clube de Campo Valinhos também adotaram a modalidade. O tamboréu se consolidou no Ipê e chegou a ser uma das modalidades mais importantes do clube, com mais de 300 praticantes e quatro quadras disponíveis. A época áurea no clube foi de 1970 a 1990, período que o Ipê teve atletas com reconhecido talento e conquistou diversos títulos importantes.

Para trazer essas informações que fazem parte da história do clube, a equipe contou com a colaboração de algumas pessoas que gostam muito desta modalidade e guardam consigo memórias importantes de todo o desenvolvimento do tamboréu no Ipê. O Luiz Moyses, associado desde 1972, sempre esteve muito presente nas quadras e ainda joga regularmente, além de colaborar na organização de torneios como o Ipê Open, realizado há 22 anos no clube. Mas não são apenas os sócios antigos que formam esse grupo. O Eduardo Conte, que entrou no clube em 2021, logo se envolveu muito com o esporte e tornou-se jogador frequente, e ainda ajuda muito nos eventos e participa ativamente nos encontros com outros tamborelistas.

As mulheres também tiveram um papel importante neste movimento no Ipê, como podemos ver nesse registro histórico das jogadoras na porta do clube. A Regina Falsetti, mais conhecida como Regininha, e a Simone, atual presidente do Ipê, são um ótimo exemplo disso. Elas conquistaram vários títulos e reconhecimento por terem formado uma dupla quase imbatível. Todos eles compartilharam fotos históricas para ilustrar essa matéria e lembraram passagens importantes.

Um outro colaborador merece um destaque especial pois, além de ter sido um assíduo praticante do tamboréu, é um personagem que guarda muitas lembranças em seus mais de 60 anos como associado do Ipê. Péricles Bertoni é associado do Ipê desde 1961. Ele foi diretor de esportes e contou que sente muito orgulho de ter ajudado o Ipê nessa época que o tamboréu tinha toda essa projeção, com lembranças muito curiosas da época. “Eu tive a felicidade de ver grandes jogadores aqui no Ipê e era muito bom ver a competitividade em torneios internos chamados TPA. Agora quero lembrar um fato muito interessante sobre o tamboréu e como a turma era fanática pelo jogo. Quando chovia no domingo, depois que a chuva parava os jogadores saíam à procura de jornal para colocar na quadra e secá-la mais rapidamente, permitindo que o pessoal pudesse jogar logo”. Esses são apenas alguns poucos relatos que ajudam a entender os laços que existem entre a história do Ipê Clube e do tamboréu, revelando um legado de pioneirismo, dedicação e amor ao esporte. As memórias compartilhadas por essas pessoas que ajudaram a contar essa breve história da modalidade, poderiam ser agregadas a tantas outras de ipeanos e ipeanas que se identificam com esse esporte e reforçam o espírito de comunidade que sempre o caracterizou.

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