A pandemia e as finanças

Os desafios enfrentados pela área financeira em período de muita incerteza.

Em primeiro lugar, permitam me apresentar para aqueles que ainda não me conhecem. Meu nome é Cesar Almeida, conhecido no Ipê simplesmente como Cesar e para alguns amigos do futebol como Cesar Paulada, aliás, não sei o porquê deste apelido (rsrs). Meu esporte preferido desde criança sempre foi o futebol, e esse foi um dos motivos que me levaram a me associar ao clube em 2013, juntamente com esposa e 4 filhos. Já se foram 8 anos que passaram muito rápido. Foi uma fase importante para os meus 3 filhos mais novos que sempre jogaram futebol e participaram de diversos campeonatos. Muitos dos nossos amigos do clube foram feitos durante a integração de pais que se deslocavam para todos os lugares para acompanhar seus filhos nestes jogos. Com certeza, amigos para vida toda.

Sou contador de formação, com mestrado em Contabilidade e Finanças, atuei por mais de 20 anos como auditor independente e atualmente sou responsável pelas áreas contábil/financeira de um grupo nacional. Em 2015 recebi e aceitei o convite do Presidente do Conselho, à época, para compor a equipe do Comitê Fiscal do Ipê. Em 2016 fui eleito pelos associados ao Conselho Deliberativo, onde participei como Membro e Presidente da Comissão de Finanças até 2018. Em 2019, com a renovação da Diretoria executiva, fui convidado e aceitei o desafio para ficar à frente da Diretoria Financeira e Contabilidade, que estou até os dias atuais.

Muitos foram os desafios logo no primeiro ano que assumi a Diretoria em 2019, o que me comprometo a relatá-los em breve, mas nem de longe poderia imaginar o que nos esperava logo no final do primeiro trimestre de 2020. Vivemos uma situação totalmente inusitada e atípica, provocada pelas restrições impostas pela pandemia da Covid-19. Desnecessário, pela notoriedade do tema, mencionar as consequências trazidas pela pandemia na economia mundial e na vida das pessoas.

Nesse contexto, o clube paralisou suas atividades na segunda quinzena de março/20. As notícias e expectativas eram desanimadoras. Uma doença que pouco se conhecia e sem vacina para imunizar a população, medidas drásticas foram tomadas pelas autoridades com a restrição de circulação das pessoas através do fechamento de shoppings, comércios, empresas, clubes, entre outras atividades. Nesse cenário de caos, ainda tivemos que lidar com a desinformação, o que em nada contribuiu para termos uma situação menos tumultuada. Tão logo fomos comunicados da necessidade de paralisação das atividades do Ipê, reuniões quase que diárias entre a Diretoria e membros do Conselho foram feitas para definir plano de ação para que os impactos fossem os menores possíveis para os associados, colaboradores e prestadores de serviços. Como equilibrar o orçamento da conta ordinária nesse período era a grande pergunta que se fazia.

Agimos rápido com várias medidas já tomadas no final de março/20, concedendo férias aos colaboradores com período aquisitivo vencido, nos valemos das Medidas Provisórias do Governo Federal para combate aos efeitos da Pandemia, como redução de jornada de trabalho dos colaboradores, postergação no pagamento de tributos, renegociamos contratos com prestadores de serviços. Enfim, fizemos a lição de casa com relação as despesas.

Com as ações para redução das despesas sendo tomadas, o que fazer com a redução das receitas que se previa com a paralisação das cobranças das taxas esportivas e pelo possível êxodo de associados quase que iminente, em função da falta de perspectivas de reabertura do Clube. Estudos e diversas simulações de cenários foram feitos. O orçamento de 2020 já aprovado não tinha mais validade, pois o cenário que se apresentava era totalmente diferente. Neste contexto, cabe destacar a interação entre a Diretoria Executiva, Comissão de Finanças e demais conselheiros com reuniões extraordinárias para debate e tomada de decisões. Concessão de recursos através de aporte da Conta Patrimonial à Conta Ordinária para suprir a necessidade de caixa à época. A concessão de descontos ao longo de 2020 foi uma das decisões mais importantes tomadas em conjunto com o Conselho, e isso só foi possível com redução de custos implementada logo no início da pandemia. Se não fossem estes descontos, o êxodo de associados poderia ter sido maior. Foram quase 400 associados que pediram afastamento nesse período. E assim fomos acompanhando pari passu os primeiros meses da Pandemia, com o desempenho das receitas e das despesas, na expectativa que no início do segundo semestre de 2020, voltaríamos a normalidade de forma gradativa, o que só veio a ocorrer em meados de outubro.

Encerramos o ano de 2020, certos de que 2021 a vida voltaria ao normal. Em termos financeiros, o clube conseguiu passar o período de tormenta. Devolvemos o aporte feito pela Conta Patrimonial, pagamos os tributos que haviam sido postergados ainda assim fechamos 2020 com superávit de caixa bastante considerável. Sentimento de missão cumprida em poder contribuir com o Clube nesse momento tão turbulento. Iniciamos 2021 com as atividades voltando aos poucos. Tudo caminhava para volta da normalidade quando em abril/21 fomos surpreendidos novamente com a segunda onda da pandemia e fomos obrigados a paralisar novamente as atividades. Parecia que tudo iria se repetir. Novamente, agimos rápido com a concessão de férias, redução da jornada de trabalho, assim como feito em 2020. Aproveitamos para fazer uma readequação no quadro de colaboradores e concedemos no mês de abril, desconto de mensalidade aos associados. Felizmente o período de paralisação e incertezas em 2021 foi menor que 2020. Com o avanço do programa de vacinação e a diminuição dos casos graves da doença, mortes e internações, foi possível para as autoridades determinar o fim das restrições de circulação ainda no mês de agosto/2021. Com isso o Ipê volta a oferecer todas as atividades aos seus associados, o que é muito bom para todos e em especial para a sua saúde financeira.

Com a volta das atividades, estamos presenciando o reingresso dos associados que haviam de afastados e a entrada de novos sócios, minimizando o êxodo presenciado em 2020. Foram muitas lições aprendidas. Mesmo com toda turbulência que vivemos nesse período, conseguimos manter as finanças sem maiores percalços e ainda projetamos superávit esse ano, assim como foi em 2020.

Quero registrar aqui um agradecimento aos colaboradores do Ipê Clube que souberam entender e compreenderam todo o esforço feito para manutenção de seus empregos e aos nossos prestadores de serviços, parceiros na renegociação dos contratos. E por fim, aos associados que se mantiveram fiéis pagando suas mensalidades mesmo com o clube fechado por tantos meses.

Estou certo de que saímos mais fortes depois de tudo isso que passamos.

Forte Abraço

Cesar Almeida
Diretor Administrativo e Financeiro

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