Controle orçamentário

Ajustes na cobrança de atividades esportivas para manter equilíbrio das contas do clube.

A Diretoria Executiva que assumiu o biênio 2019/2020, da qual ainda faço parte como responsável das áreas administrativa e financeira, iniciou um processo de implantação de políticas de governança e transparência das informações aos associados logo nos primeiros meses daquele ano.

Dentre as várias políticas implantadas, elaboramos e acompanhamos o orçamento de forma austera, com gestão das receitas e controle de custos. Isso nos possibilitou passar por momentos de grandes dificuldades em 2020 e 2021, motivadas pela Pandemia da Covid-19. Mesmo com toda turbulência que vivemos naquele período, conseguimos manter as finanças do clube sem maiores percalços.

Muitos avanços foram alcançados desde então e hoje o clube possui suas contas superavitárias, o nível de inadimplência é um dos menores dos últimos anos e os gestores de todas as áreas participam ativamente da elaboração e controle do orçamento dos seus departamentos. Houve de fato uma mudança de cultura em relação a importância de se manter os controles, em todos os níveis.

Essa mudança de comportamento nos levou a reflexão sobre a distribuição dos recursos auferidos pelo clube por meio das taxas de manutenção pagas pelos associados e suas respectivas alocações nas operações do dia a dia. Com isso identificamos que as atividades esportivas, com raras exceções, são deficitárias, pois o valor que se arrecada é insuficiente para cobrir os respectivos custos. Temos ainda atividades que geram custos com professores e materiais esportivos sem qualquer receita, é o caso, por exemplo, dos esportes praticados pelas crianças até 17 anos. Atualmente temos um pouco mais de 1.500 crianças inscritas em diversas modalidades sem a cobrança de qualquer valor.

Se a base de qualquer clube são as atividades esportivas e a maioria delas gera déficit como mencionado, poderia ser questionado como o clube consegue gerar superávit mesmo assim?  A equação é simples: O valor da taxa de manutenção que é cobrada dos associados acaba cobrindo os déficits apurados nas atividades esportivas. Isso causa um efeito danoso sobre a taxa de manutenção, que é a sua oneração demasiada. A taxa de manutenção cobrada pelo clube atualmente é uma das maiores se comparada com clubes congêneres da região.

Outro efeito verificado é a desigualdade na contribuição entre associados. A mudança de paradigma que buscamos nesse ponto foi: para o associado que mais utiliza os recursos do clube, nada mais justo que ele contribua mais, do que aquele que pouco utiliza. Um outro efeito esperado com uma mudança desse modelo é a diminuição na fila de vagas em atividades que atualmente são gratuitas, pois a possibilidade de matricular uma mesma criança em várias modalidades esportivas tem ocasionado a frequência baixa em muitas delas, prejudicando aqueles que aguardam a oportunidade de se inscrever.

Feito este diagnóstico e conscientes de que ajustar as distorções em único exercício oneraria ainda mais os associados, a diretoria decidiu, ao apresentar o orçamento de 2023 ao Conselho Deliberativo, propor a cobrança de uma taxa simbólica de R$ 25,00 por atividade inscrita para crianças até 17 anos, além do reajuste de 25% nas atividades esportivas cujos resultados projetados são deficitários.

Para ilustrar os efeitos a partir de 2023, apresento abaixo algumas simulações comparando os valores que são pagos atualmente, com aqueles que estarão vigentes a partir de janeiro:


* Caso esteja lendo no celular, vire o aparelho na posição horizontal para ler o quadro por completo.

Cabe lembrar que o reajuste de 25% sobre as atividades esportivas deficitárias e a implementação da cobrança da taxa de R$ 25,00 das atividades esportivas para crianças até 17 anos ainda é insuficiente para cobrir os custos totais com as atividades oferecidas. De qualquer forma, isso nos possibilitou reajustar apenas 5% a Taxa de Manutenção para 2023, percentual este inferior aos índices de inflação nos últimos 12 meses, que ficou em torno de 9%.

Para finalizar gostaria de registrar que todas premissas utilizadas para elaboração do orçamento de 2023, incluindo as abordadas neste meu relato foram apresentadas e debatidas no Conselho em reunião ocorrida no mês de outubro de 2022, as quais foram aprovadas por unanimidade dos presentes.

Forte abraço e bom final de ano a todos,

Cesar Almeida
Diretor Administrativo e Financeiro

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